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MULHER DE RUA

MULHER DE RUA

O vestido era curto, de saia rodada. O salto do sapato de 10centímetros. Na rua tranqüila, de poucos passantes, ela passeava com seu cachorro. Parou na primeira árvore: o cachorro com o fucinho cheirou o tronco, o canteiro de plantas. Levantou a perna, carimbando um território.

Mais à frente, três operários de uma obra gozavam seu horário de almoço. Tinham comido feijão, arroz e uns pedaços de lingüiça trazidos na marmita e estavam deitados num papelão jogado na calçada junto ao muro de uma casa. Um deles acendeu um cigarro.

Ela vinha. Olharam-se. O sorriso maroto de quem conhece este tipo de mulher. Os três deitados no chão deram um jeito de ajeitar melhor a cabeça. A mulher olhou e viu. A mulher segurou firme a coleira, encurtou, puxou o cão para bem junto de seu corpo. De repente, um leve sopro do vento fez com que a saia rodada levantasse abruptamente. Era o descanso do almoço. Lamberam os beiços. E ela passou.

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